A juventude não foi feita para o prazer, mas sim para o heroísmo!

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A Fé explicada. Quem ama, conhece! E quem conhece, ama!

Nº 11
Por que estudar a Religião – XI
Na edição anterior, tratamos nesta seção dos mistérios da natureza e da religião; a seguir transcrevemos um trecho do mesmo autor* sobre a fundação da Igreja Católica.
Batismo de Jesus Cristo – Stefano dell'Arzere, séc. XVI. Oratório do Redentor de Santa Croce em Pádua, Itália

A Religião Católica é a religião fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo. Os católicos reconhecem Jesus de Nazaré, filho da Virgem Maria, como o Messias esperado por todos os povos, e O adoram como o Filho de Deus feito homem.
Jesus Cristo estabeleceu na Judéia a Religião cristã, há 20 séculos, e a fez estender por seus Apóstolos em todas as partes do globo. Realizou em sua pessoa todas as profecias do Antigo Testamento relativas a: 
1 – Origem do Messias; 
2 – Época de sua chegada; 
3 – As diversas circunstâncias de sua vida.
Jesus Cristo é, pois, o Messias, o Enviado de Deus para fundar a Religião nova que deveria suceder à religião mosaica. Ora, uma religião estabelecida por um Enviado de Deus é necessariamente uma religião divina. Logo, a Religião fundada por Jesus Cristo é divina.
Conhecemos a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo particularmente pelos Evangelhos. Chamam-se Evangelhos os quatro livros onde se narram a vida, os milagres e as principais palavras de Jesus Cristo. São autores dos Evangelhos os Apóstolos São Mateus e São João e dois discípulos: São Marcos, discípulo de São Pedro, e São Lucas, discípulo de São Paulo. Os três primeiros evangelistas – São Mateus, São Marcos e São Lucas – escreveram seus Evangelhos do ano 40 ao ano 70 da era cristã; São João, em fins do primeiro século.
As testemunhas: os evangelistas
Os Evangelhos são os livros históricos mais autorizados, mais íntegros, mais verídicos de todos. Estamos, por conseguinte, tão certos dos milagres de Jesus Cristo como de seus ensinamentos. As testemunhas que os narram os viram, e estas testemunhas não se enganam. Suas narrações chegaram até nossos dias com toda integridade. 
A Religião católica não difere, em sua essência, da religião primitiva de nossos primeiros pais nem da religião mosaica, posto que tem os mesmos dogmas, a mesma moral e o mesmo culto essenciais.
Essas três religiões têm o mesmo autor: Deus; o mesmo fim sobrenatural para o homem: o Céu; os mesmos meios para chegar a ele: a graça. As três apóiam-se sobre o mesmo Redentor, enquanto esperado ou nascido. Jesus Cristo é sempre o fundamento da verdadeira Religião. A salvação nunca foi possível senão por Ele e por seus méritos.
___________
* Tradução de trechos do livro La Religión Demostrada, do Padre P.A. Hillaire, Editorial Difusión, Buenos Aires, 8ª edição, 1956, pp. 183-184.
Fonte: Revista Catolicismo, maio de 2010, Leitura Espiritual

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Para São Pio X um “acordo” com opositores da Igreja seria impossível

Paulo Roberto Campos

A propósito do meu artigo anteior (O “desmentido” que não desmente), recebi um texto que considerei como um presente de Natal. Agradecendo o “regalo”, aqui desejo compartilhá-lo com nossos leitores.
Refere-se a um trecho extraído da “Encíclica Communium Rerum”, do grande Papa São Pio X [foto acima]. Tendo feito a leitura, suponho que se poderia tirar uma conclusão e fazer uma analogia com o tema do mencionado post. Como seria diferente (para muito melhor, é claro) a situação da Igreja e do Brasil, bem como a força dos católicos, se o clero brasileiro seguisse o magnífico exemplo de São Pio X. Como utilizando, em defesa da moral católica, a linguagem firme e clara daquele Santo Pontífice. Entretanto, muitos preferem não empregar a linguagem do “sim, sim; não, não” — preferem ceder para não perder… Em vez de lutar para vencer!
Um escritor afirmou: “O Brasil e o mundo não precisam de grandes sábios, precisam de grandes santos”…
Dileto leitor, leia o trecho abaixo e tire suas conclusões. Se desejar, deixe sua apreciação, clicando no item “comentários” no final.

“Estão muito equivocados os que acreditam possível e esperam para a Igreja um estado permanente de plena tranquilidade; porém, é pior, e mais grave, o erro daqueles que se iludem pensando que alcançarão essa paz efêmera mediante a dissimulação dos direitos e interesses da Igreja, sacrificando-os aos interesses privados, diminuindo-os injustamente, comprazendo ao mundo, ‘no qual domina inteiramente o demônio’ (I Jo V,19), com o pretexto de captar a simpatia dos fautores de novidade e atraí-los à Igreja, como se fora possível a harmonia entre a luz e as trevas, entre Cristo e o demônio. Trata-se de sonhos doentios, de alucinações que sempre ocorreram e ocorrerão enquanto houver soldados covardes que deponham as armas à simples presença do inimigo, ou traidores que pretendam a todo custo fazer as pazes com os opositores, a saber, com o inimigo irreconciliável de Deus e dos homens”. (Encíclica Communium Rerum, de 21 de abril de 1909).

Fonte: IPCO, dezembro de 2011.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Lux fulgebit hodie super nos

Plinio Corrêa de Oliveira
“Catolicismo” Nº 36 – Dezembro de 1953

     “Lux in tenebris lucet”: foi com estas palavras ( Jo. 1, 5 ), que o Discípulo amado anunciou para seu tempo e para os séculos vindouros, o grande acontecimento que celebramos neste mês. Fórmula sintética, sem dúvida, mas que exprime o conteúdo inexaurivelmente rico, do grande fato: havia trevas por toda a parte, e na obscuridade dessas trevas se acendeu a Luz. Por isto é que a Santa Igreja afirma com estas palavras proféticas de Isaías o seu júbilo na noite do Natal: “A Luz brilhará hoje sobre nós, porque nos nasceu o Senhor. Seu Nome é Admirável, Deus, Príncipe da Paz, Pai do século futuro, e Seu reino não terá fim” ( Is. 9, 2 e 6, intróito da 2a. Missa do Natal ).
    Qual a razão destas metáforas? Por que luz? Por que trevas?
     Os comentadores são unânimes em afirmar que as trevas que cobriam a terra quando o Salvador nasceu eram a idolatria dos gentios, o ceticismo dos filósofos, a cegueira dos judeus, a dureza dos ricos, a rebeldia e o ócio dos pobres, a crueldade dos soberanos, a ganância dos homens de negócio, a injustiça das leis, a conformação defeituosa do Estado e da sociedade, a sujeição do mundo inteiro à prepotência de Roma. Foi na mais profunda escuridão dessas trevas que Jesus Cristo apareceu como uma luz.
    Qual a missão da luz? Evidentemente, dissipar as trevas. De fato, aos poucos, foram elas cedendo. E, na ordem das realidades visíveis, a vitória da luz consistiu na instauração da civilização cristã que, ao tempo de sua integridade, foi, embora com as falhas inerentes ao que é humano, autêntico Reino de Cristo na terra.
    Não é o caso de se fazer aqui a história do crepúsculo da Cristandade ocidental. Basta lembrar que, do século de S. Tomás e S. Luiz deslizamos para esta nossa era de laicismo e de ateísmo militante. Os ricos são novamente duros, os pobres tendem cada vez mais para a rebeldia e o ócio, a crueldade penetrou novamente nas leis dos povos e nas relações entre as nações, a ganância dos homens de negócios não tem limites, as leis são cada vez mais socialistas e, pois, cada vez mais injustas, a conformação da sociedade e do Estado se torna cada vez mais defeituosa. O quadro que traçamos do mundo antigo poderia aplicar-se facilmente ao mundo de hoje, com simples mudanças de nomes, falando por exemplo não de Roma, mas de Washington e Moscou. Essas as trevas. E a luz? A luz é Jesus Cristo, e a luz somos nós, pois “christianus alter Christus”.          Como agir para dissipar as trevas? Como fez Jesus Cristo que foi a luz por excelência. Concretamente como? Que métodos empregar?
    Poucas vezes talvez, na vida da Igreja, tenha a questão do método de apostolado despertado tanto interesse. As três grandes correntes que a este respeito se delineiam poderiam descrever-se assim:
    I – Todas admitem que três são, em essência, os fatores que retêm os homens no erro e no pecado: o demônio com suas tentações; o mundo com suas seduções; a carne com seu aguilhão.
    II – Em que proporções agem estes três fatores no produzir a imensa apostasia do mundo contemporâneo? Aqui nasce a divisão. Não pretendemos apontar as várias posições teoricamente possíveis no problema assim considerado, as que se extremam num sentido, as que se extremam no outro sentido, e por fim o meio termo moderado. Queremos registrar apenas os dois estados de espírito mais generalizados, e os vários matizes com que se apresentam.
    III – Temos antes de tudo a posição rotineira, que era há alguns anos ainda a mais generalizada, e que consiste em não compreender, em não considerar sequer o problema. Ao escolher para si um campo de trabalho na imensa linha de ação, a muito poucos ocorria considerar previamente, e em seu conjunto, os interesses da Igreja, para tomar posição no ponto mais importante, mais abandonado talvez, e em que o trabalho seria mais útil ou mais urgente. Agia-se ao sabor das circunstâncias. As relações pessoais atraiam para esta ou aquela obra ou associação, e ali se ficava. Ou então um pendor pessoal por certo gênero de atividade, uma circunstância fortuita que fazia ver este ou aquele aspecto de um problema, era o motivo determinante da escolha. Como se vê, este sistema tinha um que de instintivo e irrefletido, e este cunho se transmitia, da escolha do campo de ação para a do método. Seguiam-se pura e simplesmente os precedentes já fixados. Na escolha dos horários, dos temas das reuniões, dos métodos de ação e propaganda, tudo se passava como se estivéssemos meio século atrás.
    Este sistema – trata-se no fundo de algo que é, além de um sistema, uma mentalidade e um estilo – tinha inconvenientes tão óbvios que nem é necessário enunciá-los. Manda a justiça que se enumerem algumas das vantagens que – acidentalmente o mais das vezes – trazia consigo:
    1) – esta rotina era profundamente ortodoxa, e pois carreava consigo valores inestimáveis e perenes que lhe asseguravam de qualquer forma um teor de espiritualidade e eficácia não despiciendo;
    2) – a Providência não dirige as almas apenas por raciocínios científicos, e a espontaneidade das tomadas de posição deixava campo livre aos impulsos da graça, que aponta por vezes o caminho a certas pessoas por meios todo excepcionais.
    Não achamos que em tese estas vantagens sejam inerentes à rotina; mas afirmamos que no caso concreto essa rotina tinha ou tem, ao lado de graves inconvenientes, pelo menos essas vantagens.
    IV – Ao lado dos rotineiros, havia e há os ardorosos. Para estes, implicitamente algumas vezes, explicitamente outras, o quadro se apresenta muito claro. A questão de saber qual dos três fatores – demônio, mundo ou carne – é o preponderante no mundo de hoje, é em boa parte falsa e inútil, como seria a do homem que, fortemente agarrado pelo pescoço por um agressor, em lugar de reagir, se perguntasse a si mesmo se era do antebraço, do braço ou dos dedos do adversário que provinha o mais forte da pressão. De fato, o homem entregue às volúpias da carne tende a atirar-se com todo o peso de sua miséria às delícias do mundo; e sua alma cheia de tanto lodo está preparada para receber a ação do demônio. Cada um destes fatores abre pois o campo para o outro, em lugar de lhe disputar o terreno. E por isto, instaurado numa alma o jugo do demônio, ela se torna mais escrava do mundo e da carne. É o que se pode chamar um círculo vicioso.
    De mais a mais, carne, mundo e demônio não constituem três etapas distintas, três abismos sucessivos. A capitulação diante de qualquer deles, por mais incipiente que seja, dá imediato vigor aos outros. O círculo vicioso tem início logo na primeira derrota, já é sob a forma de círculo vicioso que se apresentam as primeiras tentações. Saber por qual destes três dedos o inferno bateu pela primeira vez à porta de uma alma, quem o poderá dizer, suposto que de fato não se tenha utilizado de todos os três! E de resto pouco importa isto à questão de método para o “ardoroso”. Considera ele que a ação do demônio cresce na alma com o pecado, e que por sua vez agrava as devastações do pecado na alma. Mas no que consiste precisamente a ação do demônio? Em dar aos impulsos de desordem que o pecado original instalou em nós uma vivacidade, uma energia, uma baixeza ainda maior; em nos arrastar a uma esfera de degradação, de sensualidade e de impiedade pior ainda que a da simples malícia humana. Arrastando pois para baixo os pecadores, procurando dar coesão, unidade, acerto de movimentos em toda a terra às energias caóticas e por si mesmas anárquicas da corrupção, soprando, estimulando, capitaneando, o demônio é o verdadeiro chefe do reino das trevas no mundo.
    Daí as notas tão freqüentes no mundo de hoje, e que estão num nível inferior ao da natureza humana: a incapacidade quase total de discernir entre a verdade e o erro; a indiferença completa entre o bem e o mal; a cegueira ante milagres estupendos como os de Lourdes; o ódio militante à Igreja; a idolatria da carne. E acima de tudo isto um tão formidável endurecimento no mal, como poucas vezes antes o registrou a História.
    Visto assim o quadro, é claro que se trata de resistir com todas as forças a este turbilhão dos elementos desencadeados, dentro do qual sopra ademais o espírito das tempestades. É preciso acender holofotes tão potentes que abram os olhos aos cegos; falar tão alto que os surdos ouçam; combater em todas as suas manifestações, ainda as menores, os surtos da lascívia, do mundanismo, do satanismo, pois toda concessão é uma semente da qual nascerão não só arvores, mas florestas.
* * *
    V – Muito diversa é a posição dos “otimistas”. Para eles, o homem contemporâneo não é senão um meninão travesso, mas bom no fundo, que só tem um ponto difícil: é irritável. Por certo ele está algum tanto longe de praticar todos os mandamentos. A culpa entretanto não é principalmente sua, mas dos que não o souberam compreender. Em lugar de o ter irritado com dogmas, preceitos, penas, dever-se-ia tê-lo nutrido com o mel suave das concessões, dever-se-ia tê-lo tratado a pão de ló e sorrisos. Não se compreendeu isto e, como ele é irritável, e algum tanto traquinas, ei-lo que quebra igrejas, desencadeia guerras, multiplica revoluções. Bem entendido, desde que se admite que nada disto encerra uma malícia fundamental, é de se excluir uma ação durável e profunda do demônio. E nem é de se admitir que a carne e o mundo sejam tão vigorosos em seu império sobre o meninão. O mal, repetimos, foi que o irritaram. A cura consistirá em abrandá-lo.
    Concessões? Mas o que conceder? Bem entendido, não o essencial, mas o acidental. O que é o essencial? O que é o acidental? É aqui que o problema começa a sair do puro âmbito da metodologia.
Antes de tudo, é preciso não dizer as coisas claramente, porque “pode irritar”. Castidade, sim. Mas pronuncie a palavra bem baixinho; só quando for essencial, indispensável; ou melhor, renuncie a fazer uso dela por muito tempo. Obediência ao magistério da Igreja? Sim, sem dúvida. Mas não fale propriamente em obediência, nem propriamente em magistério: poderíamos irritar o meninão. Melhor seria falar vagamente em fé. Pecado? Não é termo conveniente: fale-se antes em fraqueza, em lapso, em deslize. E cuidado: fale-se sobre isto sorrindo. Inferno? Para que? Se nosso meninão percebe que pode ir ter lá, acabará por sentir um terrível ódio contra Deus. Há no Evangelho algumas referências a este assunto. Mas é que os publicanos ouviam falar nisto, e lhes fazia bem. Nosso meninão, pelo contrário, é emancipado e fez várias “tomadas de consciência”. Ele se revoltaria. Deixemos o assunto para mais tarde, será mais prudente. Tudo isto quanto ao modo de enunciar a doutrina. Quanto ao modo de aplicar, as coisas vão mais longe. É preciso ceder em matéria de saias curtas, de trajes de banho, de promiscuidade sexual; é preciso ceder em matéria de danças lascivas, de atitudes provocantes, de romances e filmes imorais; é preciso ceder em matéria de existencialismo, e de qualquer outra moda ideológica que represente um passageiro capricho do meninão.   Pois o contrário poderá irritá-lo pavorosamente. De concessão em concessão, chega-se ainda mais longe. É bem certo que há mal em tudo isto? Há neste assunto as capitulações implícitas. Proclama-se que não há mal no namoro, mas não se distingue entre o namoro feito em tempo oportuno e modos decentes com vistas ao casamento, e todos os outros estilos de namoro. Afirma-se que não há mal nas saias curtas, mas evita-se dizer o que se entende por “curta”. Sustenta-se que não há mal em usar trajes de banho, mas evita-se lembrar que a imensa maioria dos trajes usados é má. Diz-se que, em si, dançar não é pecado, mas evita-se acrescentar que hoje em dia a maior parte das danças é perigosa. Verdades acacianas que levam ao equívoco, tudo para não irritar o meninão. E às vezes se vai mais longe ainda. À boca pequena, acaba-se confessando que a Igreja evoluirá… porque senão o meninão é capaz de fazer coisas horríveis! Mas, bem entendido, o meninão é muito bom. Quem representa o demônio não é ele, mas os retrógrados, os carrancudos, os reacionários, que têm a mania maldita da lógica, da coerência, das idéias claras, das posições nítidas. Estes, sim, é preciso ser inflexível, combativo, intransigente com eles, pois do contrário… o mundo se transformará num grande convento onde não caberá o meninão… isto é, num verdadeiro inferno!
* * *
    O que nos ensina a este respeito Aquele que é por excelência a Luz brilhando nas trevas? Por Seu exemplo e por Suas palavras, Nosso Senhor nos ensina antes de tudo que é preciso nunca silenciar a verdade; que cumpre proclamá-la inteira, ainda que nossos ouvintes não nos aplaudam, ainda mesmo que nos queiram lapidar ou crucificar. É preciso anunciá-la com palavras de ameaça? É preciso anunciá-la com um semblante de indulgência e de bondade? Nosso Senhor fez uma e outra coisa, conforme o estado de alma daqueles a quem se dirigia, e o mesmo faremos nós. Nem havemos de renunciar às apóstrofes candentes e ao tom polêmico, nem às palavras de doçura e incitamento. E pediremos a Nosso Senhor que nos dê o discernimento dos espíritos necessário para fazer uma e outra coisa no momento oportuno. Santos houve que fizeram principalmente uma coisa, e Santos houve que fizeram principalmente outra. Não houve um só Santo que jamais fizesse prova de severidade, ou jamais fizesse prova de suavidade. Cada qual agiu segundo nele soprava o Espírito, e por isto uns e outros foram canonizados pela Igreja. Cada um de nós proceda segundo o espírito que tem, e não atire pedras no outro porque age de modo diferente.
    Com uma ressalva porém, e esta muito importante. É que na aplicação dos princípios jamais se pode ceder. Sorrindo ou increpando, pouco importa, diga-se que o mal é mal e o bem é bem. Não se tenha a menor transigência para com o mal, nem a menor e mais velada de suas manifestações. E não se deixe de estimular, incentivar, pregar o bem em todos os seus aspectos, doa a quem doer.
    Pois agir de outro modo não é trabalhar para propagar a luz, é velá-la, é querer extinguí-la.
* * *
    Esta é a lição que nos deixou Aquele cujo nascimento neste mês celebramos genuflexos. Saibamos imitá-lo até o fim do caminho, ainda que repudiados e vilipendiados por todos. Que mal haverá em que algum dia se ponha em nosso epitáfio “sui eum non receperunt” ( Jo. 1, 11 ), se com isto imitamos Aquele cuja imitação é nosso único ideal, é toda a nossa razão de ser?

Fonte: IPCO, dezembro de 2011.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Vovó, o que é NATAL?


 Gregorio Vivanco Lopes

 “Vovó, o que é NATAL?”
A velha senhora, recostada em sua cadeira de balanço, com um vestido escuro que lhe chegava aos tornozelos, discretamente enfeitado com galões dourados, calma, aureolada por uma certa majestade, olhava penalizada para sua netinha.
A menina, de pé, com um vestidinho branco que ressaltava a inocência de sua fisionomia, apoiava as pequenas mãos sobre os joelhos da avó.
D. Rosália fora atingida em seu mais íntimo pela pergunta da netinha. Jamais, em seu remoto tempo de menina, tal pergunta teria sido possível. As crianças como que nasciam sabendo o que era o Natal. Todo o ambiente que as envolvia falava do Natal, boa parte do ano transcorria na expectativa da chegada daquela noite sagrada em que se comemora o nascimento de nosso Salvador. A noção de Natal era então, para uma criança, tão viva e conatural como a do ar que ela respirava.
Agora, nesta época neopagã, varrida pelos ventos gélidos do indiferentismo religioso, abalada em seus fundamentos pelo relativismo filosófico, desagregada pelo permissivismo moral, como comunicar a uma tenra menina a idéia de Natal? E não só a idéia fria e inoperante, mas o calor de alma, a elevação de espírito, as graças próprias do Natal?
Levada por tais cogitações, a boa senhora de repente se deu conta de que os olhos azuis e límpidos da netinha já a fitavam com ansiedade. Então, cheia de mansidão, começou a falar.
۩ ۩ ۩
 “Minha filha, Natal é doçura, é paz. Natal é alegria inocente, é felicidade de dar, é o esquecimento de si mesma. Natal é amar, é adorar, é prostrar-se contente ante Deus. Natal é ternura por ver o pequeno, o frágil que se quer proteger; é admiração ante o grande e o forte que é mais do que nós, que se quer venerar.
“Natal é um ambiente em que os anjos, presentes, se fazem sentir sem se deixar ver. É um clima de bênçãos vindas do Céu que nos enche a alma e nos torna propensas a toda forma de bem. E o mal se recolhe em seus antros e covas, não suportando a luz.

 “Natal é o presépio, montado na sala, com Nossa Senhora e o Menino Jesus, e também São José; com a estrela no alto da gruta brilhando e anunciando: Nasceu!; com o burrico e o boi, quase humanos, aquecendo o Menino em palhas deitado; com os pastores longe, envoltos em luz; com as fontes, os lagos, os montes e as flores que a imaginação pressurosa de cada fiel quer ver circundar o palácio — tão pobre! — do Rei.
“Natal é o pinheiro pequeno e esbelto, coberto de fitas, de luz e de cores.
“Natal é a Missa do Galo, assistida de noite na igreja, com flores e cantos, com música e luz, com festa, com suave alegria, com grande esplendor. Seguida da ceia para comemorar o nascimento do Menino Jesus.
“Natal é o presente envolto em carinho que a mãe dá ao filho; é o almoço em família com um pouco de vinho, com passas, com nozes e amêndoas, com grande união.
“Natal são os cânticos que elevam o espírito, e nos falam, sublimes e alegres, do Menino-Deus. É o sino tão belo que toca distante na igreja…
“Natal é sentir-se bem próximo, bem junto a Nossa Senhora e ao Menino Jesus; quiçá até Ela nos deixe tomá-Lo nos braços para O adorar.
“Natal, minha filha, é uma graça tão grande, tão grande, que foi dada ao mundo para termos, aqui nesta terra, um pouquinho do Céu. Tal graça nos veio porque há muito tempo, lá longe em Belém, cidade distante que você não conheceu, nasceu um Menino para nos salvar. Foi-nos dado, Ele é nosso, e entretanto é o Filho de Deus.
Sua mãe é Maria, também nossa mãe, que por nós O mereceu. Ela O desejou antes de Ele vir ao mundo, e por isso sua vinda ocorreu. Ela O amou tanto que ninguem sabe medir o grau desse amor entre os dois, e essa grande união! É um segredo de Maria, que Ela comunica a quem Ela quer. Mas há no Natal uma bênção que desce do Céu e faz sentir a todos os homens algo das graças dessa união”.
۩ ۩ ۩
A menina estava literalmente embevecida com tudo quanto ouvira. Mas não só com o que ouvira. Durante a narração, ela notara no timbre de voz harmonioso da avó, na sua expressão fisionômica radiosa, na elevação compassada de seus gestos e sobretudo em seu olhar cheio de doçura, de luz e de paz, ela notara, ou melhor ela sentira as graças do Natal.
Era 25 de dezembro de 2011. Naquela sala despretensiosa e digna, em duas almas tão desiguais mas tão afins, as graças do Natal haviam milagrosamente revivido!
— “Mas vovó, por que não há mais Natal?”

— “Minha filha, não se angustie, o Menino da gruta de Belém e sua Mãe Santíssima não nos abandonam jamais. Se os pecados dos homens e das nações fizeram com que as graças do Natal, escorraçadas por toda parte, se refugiassem no Céu ou nos fiéis desta Terra, é para que voltem ainda mais intensas e penetrem nas almas em profundidade ainda maior.
“Foi por meio de Nossa Senhora que nos veio o primeiro, o único, o grande, o eterno Natal, Nosso Senhor Jesus Cristo. Peçamos a Ela que as grandes graças que Ele ainda quer dar ao mundo nos futuros Natais, venham na sua plenitude, venham sem demora, minha filha!”
Enquanto a menina continuava transportada de enlevo, a velha senhora tomou com respeito em suas mãos a Sagrada Escritura, osculou-a e leu compassadamente a passagem em que o Profeta Isaias, muitos séculos antes do magno acontecimento, descreve admiravelmente a vinda do Redentor do mundo:

 “Este povo, que andava nas trevas, viu uma grande luz; aos que habitavam na região da sombra da morte nasceu-lhes o dia (…). Eles se alegrarão quando tu lhe apareceres, como os que se alegram no tempo da messe, e como exultam os vencedores com a presa que tomaram, quando repartem os despojos. Porque tu quebraste o pesado jugo que o oprimia e a vara que lhe rasgava as espáduas, e o cedro do seu exator (..).
“Porquanto um menino nasceu para nós, e um filho nos foi dado e foi posto o principado sobre o seu ombro; e será chamado Admirável, Conselheiro, Deus Forte, Pai do século futuro, Príncipe da paz. O seu império se estenderá cada vez mais e a paz não terá fim (..) fará isto o zelo do Senhor dos exércitos” (Is. 9, 1-7).

Fonte: IPCO, dezembro de 2011.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Não posso acreditar: “CNBB e Marta fazem acordo sobre projeto que criminaliza homofobia”?!




Segundo notícia postada ontem no portal de “O Globo” (link abaixo), intitulada “CNBB e Marta fazem acordo sobre projeto que criminaliza homofobia”, amanhã (dia 8) a senadora Marta Suplicy (PT-SP) tentará aprovar na CDH (Comissão de Direitos Humanos do Senado) a “Lei da homofobia” (projeto de lei PLC 122) — aquela famigerada lei que pretende criminalizar todos que venham a se opor às pecaminosas e anti-naturais práticas homossexuais.

Que a senadora petista tente tal aprovação na “calada da noite” (nesta ocasião em que todos estamos com as atenções postas nos preparativos para o Natal e Ano Novo), não causa estranheza, pois só mesmo por meio de um “golpe” desses aquela inaceitável lei poderia eventualmente passar, "às caladas", pela CDH. Mas o que causa estranheza — E MUITA — é o mencionado “acordo” que ela fez com a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

Segundo Marta Suplicy, o “acordo” foi no sentido de uma “flexibilização” da lei. Mas trata-se de um outro “golpe” para nos enganar. Como os leitores poderão conferir no seguinte link:

Reaja agora contra a “lei da homofobia”, o PLC 122, que pode ser votado nesta semana




Espero que não tenha havido acordo nenhum, mas, neste caso, a CNBB tem obrigação de fazer um urgente e taxativo desmentido. Se não o fizer, poderá ser responsabilizada pela aprovação no Brasil de uma lei diametralmente oposta às Leis de Deus e à própria Lei Natural. Responsabilizada pela aprovação de algo que SEMPRE foi condenado pela Igreja Católica.

Em qualquer caso, seja ou não publicado o esperado desmentido, de nossa parte é urgente protestar contra a “Lei da homofobia” — também conhecida como “Lei do Zipper”, pois colocará um psy-zipper na boca de todos os brasileiros, ou seja, não poderão mais, sem qualquer restrição, manifestar suas opiniões contrárias ao homossexualismo.

Para esse protesto, por favor, não deixem de acessar o link a seguir e registrar sua reclamação:



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Link para a notícia, acima referida, de “O Globo”:


Paulo Roberto Campos
 

Fonte: Blog da Família, 07 de dezembro de 2011.

Vamos lutar pela Vida desde a fecundação até a morte natural!